Cooperativa transforma a vida de mulheres através da cerâmica
A capital piauiense está completando 170 anos, e nada melhor que homenagear essas pessoas que fazem parte da história.
Aos 58 anos, Raimunda Teixeira da Silva, mais conhecida como dona Raimundinha, é uma dessas "figuras" que são a cara de Teresina. A capital piauiense está completando 170 anos, e nada melhor que homenagear essas pessoas que fazem parte da história.
Ela começou a trabalhar carregando tijolos e, hoje, tornou-se uma artesã de sucesso. Integrando uma cooperativa formada por mulheres que produzem peças em cerâmica reconhecidas e admiradas em diversos países.
Dona Raimundinha dedicou mais de 22 anos de sua vida carregando tijolos até que em 1995 decidiu iniciar no artesanato montando o seu próprio negócio. Tudo em união com a sua família (esposo e filho). Em algumas famílias que trabalham no Polo Cerâmico do Poti Velho, a tradição masculina se mantém viva, entre avós, pais, netos e outros aprendizes. Mas com dona Raimundinha, essa reprodução fiel aos padrões ocorreu diferente. “A Atividade era masculina, as mulheres dos artesãos só ficavam com os afazeres domésticos. A tradição sempre foi passar de pai para filho e comigo foi o contrário, foi de filho para mãe. Meu filho aprendeu com meu compadre, começou a me ensinar e comecei a produzir em casa”.
No ano de 1998 foi criada a Associação dos Ceramistas do Poti Velho (ACEPOTI), as mulheres começaram a ganhar destaque no artesanato, produzindo as peças.
Cooperativa de Artesanato do Poti Velho
A artesã conta ainda que em 2006 surgiu a Cooperart – Poti, que recebeu em 2009 o Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato e em 2010 ficou em terceiro lugar no Casa Piauí Design. A Cooperativa reúne mulheres que produzem e comercializam esculturas, objetos de decoração, bijuterias e jarros, mas, o trabalho, de acordo com dona Raimundinha, vai muito além da melhoria das condições de vida.
As mãos que criam
A partir da argila, que é extraída de uma lagoa próxima ao bairro Poti Velho, os artesãos piauienses moldam jarros, esculturas, itens de decoração para jardins, aparelhos de jantar e até joias que são vendidas para vários estados do Brasil e países do exterior.
Os objetos moldados manualmente exibem diferentes formas, texturas, cores e usos. O variado mix de produtos ainda inclui dos tradicionais filtros de barro a bonecas com semblantes expressivos, terços, bijuterias, luminárias vazadas pássaros, flores e outros objetos pintados com cores mais sóbrias ou mais vibrantes.
Atualmente, a Cooperativa de Artesanato do Poti Velho representa o sonho de mais de 30 mulheres, que através do artesanato contam a história e as tradições de um povo. Do costume da pesca, da história do Cabeça de Cuia, das conversas nas calçadas, da religiosidade e da beleza do Rios Poti que deságua no Parnaíba logo ali no bairro, nasce a arte contada através das mãos dessas mulheres que superaram o estigma de que a cerâmica era uma atividade masculina. A produção, que antes era apenas de tijolos, é diária e o trabalho começa por volta das 5h com a extração da argila e o seu preparo até ser levada ao torno (aparelho onde as peças são modeladas).
Localização do Polo Cerâmico de Teresina
O bairro do Poty Velho é o mais antigo bairro da capital piauiense, área bastante importância para a pesca, onde deságua o rio Poti no Parnaíba, lugar de singular beleza principalmente ao pôr do sol. A antiga vila de pescadores deu lugar ao Centro Comercial ceramistas que abriga hoje 23 lojas.
Dona Raimundinha é uma das artesãs mais requisitadas pela mídia e pelos visitantes, por possuir uma simpatia ímpar ,, hoje na associação as mulheres desenvolvem vários trabalhos , entre eles cursos profissionalizantes , para que a geração mais nova aprenda a desenvolver as atividades que os mais velhos fornecem, entre eles pintura , argila.
O local é aberto diariamente e recebe uma grande quantidade de turistas durante todo o ano.
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