Campelo Filho

O pensamento na construção de uma nova realidade

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O pensamento na construção de uma nova realidade

Oano novo se inicia e no Brasil as incertezas sobejam às escâncaras. De fato,2022 será um ano eleitoral onde as perniciosas ideologias continuarão apolarizar o país, a pandemia provocada pela Covid ganhou o reforço de novascepas e de outros vírus gripais; as chuvas, que tanto se esperava para encheros reservatórios e evitar um caos energético, vieram com força máxima emalgumas regiões e os desastres provocados são de outra natureza. Por sua vez, aeconomia, fragilizada pela volatilidade e insegurança do mercado, e ainda pelainflação que começa a assustar cada vez mais, não tem apontado para um portoseguro em curto prazo. O intuito de desvelar-se essa situação da realidadeatual, no contexto dessa abordagem, não é o de enfrentar diretamente cada umadessas questões, mas apenas referenciá-las para situar o problema da mentehumana em um tempo difícil e incerto. Não é à toa que a depressão e a ansiedaderepresentam as principais doenças que têm afligido as pessoas ultimamente.

Essecenário, independentemente de vários outros elementos que poderiam seracrescidos para um matiz mais nítido, poderia ser representado pelo quadro “OGrito”, pintado em 1893 pelo norueguês Edvard Munch.  A tensão provocadapela tela de Munch nos remete à mesma incerteza que traz consigo o alvorecer de2022, menos por um apelo pessimista do crítico observador e mais pela própriarealidade transmitida pelos elementos constitutivos da paisagem, infelizmente.É que se fosse por algum tipo de pessimismo a análise poderia estar viciada,uma vez sofrer a influência de uma deficiência psicológica, o que não ocorre, in casu. Em verdade, essa incerteza quese desnuda é uma fiel representação da atual realidade e um ataque às mentesdesprovidas das defesas necessárias para não se deixar abalar.

Todavia,tem-se visto e ouvido, na tentativa de se aplacar as angústias, algunsafirmarem que essas incertezas já são próprias desse país, afinal já se estáacostumado com esse quadro desolador e, queira-se ou não, vai se sobrevivendo,nem que seja aos trancos e barrancos. Essa afirmação é um acalanto para osincautos. Acostumar-se com isso tudo, longe de significar uma adaptação, queDarwin vaticinou como uma conditio sinequa non para sobrevivência das espécies, representa mais um conformismo euma inércia mental. Por que a história, que tanto ensina, que tanto dáexemplos, sempre está a se repetir justamente naquilo que mais deveriaenvergonhar os homens?   

Ohomem não foi criado para conformar-se, para acostumar-se com o errado, com aviolência, com a desconstrução da própria natureza humana, enfim. Talvez, poressa indignação interna é que a ansiedade e depressão venham se alojando namente das pessoas. Ao contrário. O sentido da vida passa, necessariamente, pelaevolução, pelo avanço através do conhecimento. Por isso é preciso pensar,pensar bem, refletir criteriosamente e sem influências de pensamentos forjadosideologicamente ou por interesses individuais. Estes não servem, porque eivadosdo vício da parcialidade irreflexiva.

Comomuito ainda há por vir, que o início do ano sirva para que mais e maisreflexões e questionamentos sejam feitos, para que a mais importante faculdadeda inteligência, a de pensar, seja exercida em toda a sua plenitude. Só assim,quem sabe, em um próximo ano, seja possível afirmar que, em que pesem eventuaisproblemas ou incertezas, tudo, ao fim, ficará bem, pois as soluções serãodescortinadas no campo dos pensamentos verdadeiros, altruísticos e de bem. Assim,somente assim, se conseguirá construir uma nova realidade, mais auspiciosa econdizente com máxima de que nascemos para ser felizes.   


Campelo Filho - Mestre e Doutor em Direito. Pósdoutorando pela Università Mediterranea di ReggioCalábria- Itália. Professor da Escola da Magistratura doEstado do Piauí. Advogado empresarial. Conferencista.Autor de livros e artigos científicos.





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